segunda-feira, 18 de abril de 2011

aniversário

Odeio o meu aniversário. Mesmo. A semana que antecede a data e até uns três ou quatro dias depois o meu humor é nulo. Estou quase a fazer 28 anos e a única coisa que me apetece fazer é desaparecer. Como odeio o meu aniversário... Em 2009 estava a ter um aniversário misto de sentimentos. Estava a trabalhar em Évora, longe dos meus amigos e longe da minha familia. Tinha começado uma relação amorosa à pouco tempo. Fiz anos num dia de semana, uma das minhas tias teve a ideia de me fazer uma surpresa e levou uma parte da familia a Évora para jantar comigo. A minha mãe recusou-se, nesse ano (o ano que mais precisava, o ano que me custou demais porque odiava estar a trabalhar em Évora), os meus pais e minha irmã não me foram ver a Évora e festejar comigo o meu aniversário. ( E nas semanas em que tinha de ficar a trabalhar ao fim de semana os meus pais nunca me foram lá visitar, mesmo quando eu pedia...) Enfim... nesse ano, depois do jantar de aniversário, o meu mais que tudo da altura foi ter comigo perto da meia noite... coitado, quis fazer-me uma surpresa e acabou por voltar para trás, porque eu não ouvi o telefone e portanto não pude dar-lhe um beijinho. Apesar de não ser muito longe de Lisboa, a verdade é que ele foi de propósito, num dia de semana, ter comigo. No ano seguinte nem sequer se esforçou para jantar, não trocou o dia de serviço... durante o ano em que tivemos juntos tinha sido a única coisa que lhe pedi... que gostava muito de jantar com ele nesse dia, pedi-lhe por favor, vê se não ficas de serviço nesse dia, gostava muito de jantar contigo. Foi um dia triste, apesar dos esforços de uma outra tia e da minha irmã em me animar. Deus... Como odeio o meu aniversário... A data também é sinónimo de algum azar... quedas, esmurraços, doenças... Ora caio de cabeça ao chão, ora aparece-me um treçolho, ora aleijo o pé, costas, braços... todos os anos arranjo maneira de me lesionar, se não for lesão é outro azarito qualquer... O que me vale é que até agora têm sido apenas isso, azaritos (se bem que houve um ano em que já suplicava para me levarem ao hospital tal não era a dor no pé, o ano passado, a treinar um individual fui tantas vezes de cara ao chão que festejei o dia com queimaduras na cara à conta do praticável...). Como odeio o meu aniversário. O padrão é quase sempre o mesmo... no inicio do mês a animação é grande! Um dia em que vou receber mimos, e atenção. Faço planos para festejar, vou falando com as pessoas... mas depois chega a semana e o meu humor altera-se, só me apetece mesmo é desaparecer. Fugir, ficar sozinha... E é o que me apetece. O meu aniversário está mesmo aí à porta, até estou de férias e tudo, só gostava de pegar em mim e desaparecer no mundo, para o mundo. Não quero mensagens, não quero telefonemas, não quero beijinhos nem abraços. Apenas que me esqueçam. Como odeio de facto o meu aniversário... Quem me vê pensa que virei doida. Só me apetece chorar. Penso em tudo o que tenho conseguido desde que nasci... e a verdade é que não consegui nada. Vou tendo noticias dos meus amigos mais antigos, uns da primária, outros do 2º ciclo, secundário... e invejo-os. Vou fazer 28 anos: sou licenciada, trabalho desde os 18 (16 anos vá... se contar com esses verões), trabalhei em muitos sitios mas não arranjei um trabalho com ordenado fixo. Vivo em casa dos meus pais. Não tenho uma cara metade e o meu relógio biológico bate cada vez com mais força. Não tenho nada. Nada do que contava ter com esta idade. E isso põe-me muito triste. E todos os dias acordo com vontade de me mudar, para que as coisas começem de facto a acontecer mas falta-me a força de vontade. O meu aniversário está aí mesmo a chegar, daqui a um par de dias e não me apetece fingir sorrisos. Acho que vou ali cortar os pulsos, pôr uma corda ao pescoço ou saltar da ponte. Não me apetece mesmo nada passar aquele dia... [que estupido... eu sei!]

1 comentário:

  1. Eu acabei agora de ler este teu post.

    Basicamente podia ter sido escrito por mim. Só a parte em que nem sequer tenho trabalho é que está a fazer diferença.
    Ainda tenho 25, não tenho 28, nem 30, mas o sentimento é o mesmo.

    Acredito que com o avançar dos anos, a revolta se vá tornar ainda maior.

    Eu tenho namorado mas se as coisas não avançarem disto, de certeza que mais dia menos dia vou acabar sozinha. O amor aguenta muita coisa, mas não aguenta tantos anos de estagnação.

    Ele já à muito tempo que se quer juntar e eu ando a adiar. Também para sair de casa sem condições ou continuar a depender do pessoal, não me interessa. Não é vida para mim.

    Enfim... Temos mesmo que aguentar. A vida nem sempre é como queremos, mas minha querida, o nosso dia há-de chegar! =)

    Beijocas

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